Antes da chegada do Rev. A. G. Simonton ao Brasil em 1859, outros missionários americanos estiveram em nosso país divulgando a Bíblia. Através de um colpoltor de Campos-RJ, uma Bíblia foi parar na casa do comerciante Romão Batista de Moraes, em São José do Calçado-ES. A esposa de Romão, Celina Filgueiras de Moraes, parece ter sido a primeira leitora da Bíblia naquela região.
Em 1903, um irmão de Romão Batista de Moraes chamado Manoel (um abastado madeireiro de São José do Calçado-ES, conhecido como Neca Batista), conheceu num trem o pastor presbiteriano Rev. Matatias Gomes dos Santos, então pastor da Congregação Presbiteriana de Alto Jequitibá (Zona da Mata mineira). Manoel Batista de Moraes levou o Rev. Matatias para pregar em São José do Calçado-ES. Há relatos de que foram realizados vários cultos nessa ocasião, três na casa do farmacêutico Benjamim Moraes e um na casa de Manoel, nos quais cerca de 150 pessoas ouviram com grande interesse acerca do Evangelho. Dali formaram-se os primeiros núcleos de crentes no Estado do Espírito Santo e mais tarde, a 10 de maço de 1907, organizou-se a primeira igreja presbiteriana naquele Estado, em São José do Calçado, a qual recentemente comemorou seu centenário.
Dentre os primeiros convertidos, sabe-se que toda a família Batista de Moraes abraçou o Evangelho: os pais João Batista de Moraes e Anna Maria de Jesus (vovó Aninha), com seus filhos Cecílio, Antonio, Manoel, Anna e Romão Batista de Moraes. Conta-se que Vovó Aninha, ao se converter, jogou no córrego todas as imagens que possuía em casa.
A biografia completa de Romão ainda precisa ser resgatada. Sabe-se que cooperou para a fundação da Beneficência Calçadense (fundada por Horácio Filgueiras, seu cunhado), instituição que ficou abandonada por mais de 30 anos, sendo depois reativada por volta de 1950 com o nome de Hospital São José. Sabe-se também que Romão sofreu perseguição por abraçar o Evangelho, deixando, ao falecer em 1917, a família em situação financeira precária, estando o filho mais velho, Synval, com apenas 14 anos de idade.
Embora pouco reconhecido, há em São José do Calçado uma rua com o seu nome. — Informações de seu sobrinho-bisneto Renato Carlos Azevedo Moraes.