Rodrigo Dias de Vivar é mais conhecido como “El Cid” (do mourisco sidi = senhor) e é também chamado de “Campeador” (de Campidoctor = Campeão). Ele foi um nobre guerreiro castelhano, que viveu no século XI, época em que a Hispânia estava dividida em vários reinos rivais de cristãos e mouros (muçulmanos). Sua vida e seus feitos – com alguns toques de lenda – se tornaram um referencial para os cavaleiros da Idade Média.
Rodrigo pertencia à alta aristocracia castelhana. Tendo ficado órfão de pai aos 15 anos, foi levado para a corte do rei D. Fernando I de Leão, e ali se tornou amigo e companheiro do infante Sancho, filho primogênito do rei.
Com a morte de Fernando I, o reino foi dividido entre seus filhos, como era seu desejo: Castela ficou para Sancho; a Galiza para Garcia; Leão para Afonso; Toro ficou para a filha Elvira e Zamora para a outra filha Urraca. Entretanto, Sancho não concordou com a divisão e passou a lutar pela reunificação e ampliação da herança paterna, sob sua coroa. Nessa luta, contou com a ajuda de Rodrigo, que foi nomeado Alferes do reino.
Rodrigo tinha 23 anos quando venceu, em um combate singular, o alferes de Navarra, Jimeno Garcês, façanha que lhe valeu a alcunha de “Campeador”. Já no ano seguinte (1067) começou a ser conhecido como “El Cid” entre os mouros.
O agora rei Sancho II de Castela investiu contra o irmão Afonso (Afonso VI de Leão) e tomou-lhe o reino de Leão, em 1072, na Batalha de Golpejera, tendo à frente de suas tropas o seu alferes Rodrigo Dias de Vivar. Em seguida, Sancho II voltou-se contra Zamora, empreendendo um cerco ao castelo onde vivia sua irmã Urraca. Durante esse cerco, Sancho II foi assassinado a traição. Levantou-se a suspeita de que o matador tinha sido enviado por Afonso VI.

O rei Sancho II não deixou herdeiros e Afonso VI tornou-se rei de Castela. Mas só foi coroado depois de prestar um juramento, exigido por Rodrigo, eximindo-se de qualquer envolvimento na morte do irmão.
Após esse episódio, as relações entre Rodrigo e o rei Afonso VI de Leão e Castela foram se tornando cada vez mais tensas, até que em 1081 El Cid foi desterrado, pela primeira vez, de Castela.
A partir deste ponto, a história de Rodrigo é contada em duas versões diferentes:
1- Segundo o poema “Cantar de Mio Cid”, trezentos dos melhores cavaleiros castelhanos decidiram acompanhá-lo no exílio, fazendo de Saragoça seu quartel-general e travando batalhas vitoriosas contra os mouros.
2- Segundo uma versão alternativa, Rodrigo refugiou-se nas montanhas de Aragão, arregimentando um pequeno exército cujas armas eram postas a serviço de quem lhes pagasse mais, fosse cristão ou muçulmano. Aliás, é também essa fonte alternativa que, ao mencionar seu casamento com Jimena, ocorrido pouco antes do exílio, diz, maliciosamente, que a dama era mais velha do que ele e muito feia, porém tinha um patrimônio invejável.
O certo é que, por essa época, Rodrigo estabeleceu vínculos com o rei mouro da taifa de Valência, chamado Al-Cádir. Este se tornou seu amigo e protegido (segundo uma versão) ou seu cliente (segundo outra). Foi em benefício de Al-Cádir que El Cid conquistou os pequenos reinos de Albarracín e Alpuente.
Em 1089, o almorávida Yusuf cruzou o estreito de Gibraltar, à frente de um numeroso exército. A invasão ameaçava a segurança de todos os reinos espanhóis, e o rei Afonso VI pediu ajuda a Rodrigo, fazendo-o retornar a Castela. Mas não tardou para que a hostilidade voltasse a se manifestar entre ambos, e El Cid foi desterrado pela segunda vez.
Nos dez anos que se seguiram, a fama do “Campeador” cresceu. Liderando um grande exército, ele conquistou e se tornou senhor dos reinos mouros de Lérida, Tortosa, Dénia, Albarracín e Alpuente.
Por volta de 1093, ao saber do assassinato de Al-Cádir, Rodrigo atacou a taifa de Valência, conseguindo tomá-la em junho de 1094, após dezenove meses de cerco à cidade. Mas os almorávidas não estavam inertes e se apresentaram às portas da cidade, sob a liderança de Mahammad, sobrinho de Yusuf. Após vários combates, El Cid obteve uma vitória decisiva.
Até sua morte, Rodrigo governou Valência em nome do rei Afonso VI mas, na verdade, seu poder era independente do rei. Diferentemente da tradição lendária, que apresenta-o morrendo heroicamente em combate, El Cid Campeador faleceu em seu castelo em Valência. Ele e sua esposa estão sepultados na Catedral de Burgos.