Amorese, Helou, Martins, Ridolfo & Toledo Family Tree - Person Sheet
Amorese, Helou, Martins, Ridolfo & Toledo Family Tree - Person Sheet
NameAbunazar Lovesendes 114, 17751
FatherLovesendo ibn Fethe , 18620
MotherZara , 18621
Notas
Também citado como Abunazar Leodesindo, é considerado o tronco da importantíssima família “da Maia” e ancestral de, praticamente, todos os portugueses.
Ele está no centro da Lenda da Miragaia [1], na qual é apresentado como filho adulterino do rei Ramiro II de Leão. Entretanto, o genealogista Francisco Antonio Doria, que pesquisou o assunto, propõe outra ascendência para Abunazar Lovesendes. Ele seria filho de um Lovesendo ou Leodesindo, que a princípio se supôs um filho adulterino de Adosinda (ou Ausenda) Gutierres, primeira esposa do rei Ramiro II de Leão (e não filho adulterino do rei, como propõe a lenda). Pesquisas posteriores revelaram que nenhuma das alternativas é verdadeira, conforme a ascendência apresentada aqui: Abunazar Lovesendes, ancestral da nobre família da Maia, tinha ascendência árabe por parte de pai e de mãe.
Ele teria sido casado duas vezes, com geração de ambos os casamentos.
- - - - -
[1] A Lenda da Miragaia, ou lenda do rei Ramiro, ou lenda da família da Maia é uma lenda, que conta a história das origens de uma família de infanções (nobres de baixa hierarquia), cujas terras ficavam na região do Porto, Portugal. O herói da lenda é o infanção D. Abunazar Lovesendes, nela descrito como filho (mas não o foi) do rei Ramiro II de Leão, com o nome de D. Alboazar Ramires. A narrativa mescla eventos históricos e fantásticos.
    A lenda, resumidamente, conta o seguinte: o rei Ramiro II trai a mulher, chamada na lenda de Aldara, com uma moura chamada Zara (ou Ortega), que é de família nobre (ela é descendente dos Omíadas de Córdoba, parentes do próprio Profeta do Islã). Aldara vinga-se traindo Ramiro com um mouro, e é morta por isso. Ramiro II sai sem punições ou penas, se casa com a moura Ortega, e dela deixa um filho, o D. Alboazar Ramires, de quem descenderia a família “da Maia”.
    Alguns dados são reais. 1º) D. Abunazar Lovesendes realmente existiu. Ele foi um moçárabe (ou um árabe cristianizado. O termo deriva-se do árabe Nuss-Arab, que quer dizer meio-árabe), residente na parte sul da Península Ibérica, região que foi por muito tempo ocupada pelos mouros (marroquinos em sua maioria), vindos do Norte da África. Sabe-se que sua 2ª esposa foi Unisco Godinhes, e que ela e o marido são documentados como fundadores do Mosteiro de Santo Tirso de Ribadave no ano 978. 2º) Há documentos datados de 967 e 968 sobre um Abu Nasr ibn Leodesindo (Leodesindes/Lovesendes), que pode ser o D. Abunasar Lovesendes. Ele foi casado com Tortora e teve quatro filhos (este seria o primeiro casamento dele), e depois mudou-se para o norte, onde se casou com Unisco Godinhes.  3º) O rei Ramiro II também existiu. Ele nasceu antes do ano 900 e faleceu em 951, foi rei de Portugal entre 925 e 930 e depois rei de Leão. O antigo “Livro de Linhagens do Conde D. Pedro”, que contém informações importantes sobre muitas famílias portuguesas, descreve a família da Maia, dizendo que ela principia em “Ramiro II de Leão que, roubando uma moura em quem colocou o nome no batismo de Ortega, filha de Zadão Zada e bisneta do rei Aboali, com a qual D. Ortega casou depois da morte de sua mulher...”. 4º) No século X existiram em Lorvão membros da família omíada, dentre os quais um Zaa'adum al-Umawi, ou Zahadon, que bem pode ser o Zadão (Zadão = Zaa'adum), bisneto do califa omíada al-Walid (que vivia em 711), que bem pode ser Aboali.
    Entretanto, o primeiro problema que surge é o nome do protagonista. Naquela época, o filho costumava levar após o primeiro nome um patronímico derivado do nome do pai. Assim, o filho de um Gonçalo seria Fulano Gonçalves, o filho de um Soeiro seria Fulano Soares, e o filho de um Ramiro seria Fulano Ramires. Por isso o nome do herói da lenda é Alboazar Ramires, por ser ele apresentado como filho do rei Ramiro. Ocorre que o indivíduo verdadeiro e documentado se chamava Abunazar Lovesendes; então teria de ser filho de um Lovesendo, jamais de um Ramiro.
    Narrativas lendárias são como sonhos em que ocorrem alterações da realidade, inversões e mecanismos compensatórios. Sabe-se que Ramiro II de Leão teve por primeira mulher a Adosinda Gutierres, filha do conde Gutierre Osores e de Aldonça Mendes, e neta materna do importante conde Hermenegildo Gutierres, o repovoador de Coimbra. Tiveram dois filhos: Bermudo, que morreu adolescente, e Ordonho, depois rei Ordonho III de Leão. O casamento durou uns dez anos; depois, por volta de 930, Adosinda Gutierres foi repudiada e sumiu. Ramiro voltou a se casar com uma infanta de Navarra chamada Urraca. Por que Adosinda Gutierres foi repudiada? Certamente não foi por infertilidade. A lenda poderia dar uma sugestão: será que Adosinda Gutierres, uma senhora importante, filha e neta de magnatas, teria traído o rei seu marido? Na lenda, é Ramiro II quem trai a mulher, Aldara (nome fictício, existente apenas na lenda), e ela dá o troco, sendo então punida. Será que a narrativa refletiria o contrário do que de fato aconteceu? Teria o rei sido traído por Adosinda?
    O que aconteceu, de concreto, na história talvez nunca seja possível saber com certeza. Mas o cenário da narrativa lendária dá algumas pistas. Parece ter ocorrido o seguinte: Adosinda, rainha de Leão e mulher de Ramiro II, comete adultério, e por isso é repudiada. Não deve ter sido morta; sua família era poderosa demais. O filho adulterino de Adosinda (não filho de Ramiro, como diz a lenda!), chamado Lovesendo, bem pode ser o Lovesendo ibn Fethe, indivíduo que realmente existiu pois aparece em alguns documentos, e provavelmente era um moçárabe. Este Lovesendo se casa com a moura Zara, filha de Zahadon, e desta união nasce Abunazar Lovesendes, primeiro senhor das terras da Maia, com ascendência árabe por parte de pai e mãe. Pesquisas posteriores revelaram que não há qualquer parentesco com Adosinda Gutierres.
    Mas, então, qual a razão da lenda? Provavelmente, mascarar a origem herética de uma família que se tornaria muitíssimo poderosa, a família da Maia. Mas, por que herética?
    Voltemos a examinar a lenda. Segundo ela, a família da Maia descenderia do adultério de Ramiro, rei de Leão, com uma princesa moura; assim, Abunazar ganha na lenda uma ascendência real, da mais alta nobreza, por seu pai e por sua mãe. Mas notemos que, quando esta lenda se fixa por escrito nos livros de linhagens, o árabe é o inimigo subjugado A conquista do Algarve tinha sido feita nos fins do século XIII por Afonso III. A lenda conta uma ascendência ilustre dos senhores da Maia na família real do inimigo, inimigo político e religioso; numa família real que se aparentava ao Profeta, fundador da religião adversária. Ramiro II parece que entra na lenda como um contrapeso ideológico. A ascendência varonil ilustríssima dos senhores da Maia é transposta para a varonia mais aceitável, aquela da Casa Real de Leão que vem dos reis visigodos, como forma de mascarar que os descendentes desta família, imensamente numerosos hoje em dia, compartilham, ainda que muito, muito longe, do sangue dos Omíadas e de seu parentesco com o Profeta Maomé.
Spouses
Notas
Foi a segunda esposa de Abunazar Lovesendes. Tiveram 5 filhos. Não se conhece sua ascendência. Fim de linha.
Family ID12119
ChildrenFrumarico , 17610 (ca1000-)
 Ermigio , 3127
 Trastamiro , 18914
Last Modified 9/5/2023Created 12/7/2024 using Reunion for Macintosh
© Amorese <www.amorese.com.br>